Nossa, que ótimo
Hoje uma pessoa me abordou e deu-se o seguinte diálogo:
- Vocé é o José Maria?
- Não, sou o José Bruno.
- É você que se graduou em direito há pouco tempo?
- Sim
- É você que passou no mestrado na UFMG?
- Sim
- Pois é, meu filho passou em primeiro lugar e não precisou de cotas.
- Nossa, que ótimo, parabéns pra ele.
[Respirar e contar até 10, sempre].
Então… eu passei em terceiro colocado para a minha linha de pesquisa, nenhuma pessoa branca com nota superior a minha não se classificou ou se classificou em posição pior que a minha em função da política de cotas. Eu fiquei na terceira colocação porque a minha foi a terceira maior nota. Eu nunca tive ambição de ser primeiro colocado em absolutamente nada. Pra alguém que vem conciliando estudos com oito horas diárias de trabalho, filhas pequenas, inúmeras contas a pagar (sem mesada ou herança), noites mal dormidas, a simples classificação já era o suficiente. Agora, pra quem nasceu com a vida ganha, o primeiro lugar não deveria ser nada mais que uma obrigação.
E é isso, as aulas nem começaram e já tem gente tentando me lembrar que a minha condição perante muitos olhares será a de um mero intruso. Nada de novo sob o sol, tem sido assim a vida toda.
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